Penetra surdamente no reino das palavras. Lá estão os poemas que esperam ser escritos. Estão paralisados, mas não há desespero, há calma e frescura na superfície intata. Ei-los sós e mudos, em estado de dicionário. Convive com teus poemas, antes de escrevê-los. Carlos Drummond de Andrade
sexta-feira, 5 de dezembro de 2008
Me perdi
ME PERDI
Em tanto imaginar me perco
E já não me acho no mundo
Vejo agora tarde olhando do fundo
Se sonhar foi algo irresponsável
Mas dizias estar junto a mim no céu
O que fazer com noites perfeitas?
Se as vi sem piedade serem desfeitas
De tanto entender, não entendo.
De tanto procurar, não aprendo.
Busco por novidades sorridentes
Mas a felicidade me cerrou os dentes
E os olhos só querem chover
Pelo desprazer de não lhe ver
Em tanto imaginar me acabo
Em sofrer qual pobre diabo
Fico vagando em noite eternas
E no escuro sob luz de velas
Não vejo muito além de mim
Mas prefiro ser-morrer assim
Em tanto imaginar me perco
E não me encontro nesse desacerto.
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