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segunda-feira, 26 de setembro de 2011

EU


Vou te contar como tenho vivido
Pois quando alguém disse
Que nenhum homem é uma ilha
Eu não havia nascido

Encontro-me sempre vida torta
 Um abismo instransponível
Entre eu e qualquer que seja
É como ser fumaça em brasa morta

Olho e o que vejo não se mede
Pois que nada me agrada
Não tenho palavras
Meu espírito não recua, não cede

Vôo longe tantos invernos
Como passarinho perdido
Buscando ninho
E o silencio meu amigo, meu inferno

Sou onda em mar revolto
Às vezes praia, às vezes fundo
Vento gelado que provoca espuma
Mar de lagrimas em pranto solto

Vou te contar que já não sorrio
Mesmo que os dentes brilhem
No escuro da boca amarga
Fingindo algum ato sombrio

Ai, minhas pernas que cansadas
Caminham milhas por nada
Estrada de poeira e morte
Minhas tantas vidas sendo veladas

Às vezes as nuvens abrem o sol
É como um novo nascimento
A ilusão na crença de algo florescer
O desejo de renascer feito o arrebol

Vou te contar que a esperança
É o sangue correndo em meus rios
É a vida que pulsa nos meus olhos
Que baila em meu eu feito criança

sábado, 24 de setembro de 2011

SAUDADES




Já longe vai minha juventude
Olhando pela janela do tempo
Saudades de coisas e amores
Que levadas foram folhas ao vento

Minha cidade e meus amigos
Não olhei para traz, fui embora
Deixei tudo e todos no nada
E lembranças me assaltam vida afora

Quem dera não ter envelhecido
Quem dera poder voltar o relógio
Enfim, quem dera não ter partido

Mas a vida não pode ser tão ruim
É só essa dor eterna pulsando
Que às vezes vem doer dentro de mim

terça-feira, 20 de setembro de 2011

PASMO


Pasmo quase não querendo a sorte
Ali de pé frente a tantas lembranças
Ali depois de tantas mil andanças
Apoiado na ânsia de ser forte

Eram olhos tão distantes no vazio
Transbordando a busca do que jaz
Salvando em si a ilusão, a paz
Vagando só, sem calor, sem frio

Sabe, vinha ao longe um clarear
A noite toda num piscar de olhos
Fim de pesadelo quando do sol o raiar

Imaginando as voltas do ponteiro
Pasmo que tanta loucura num segundo
O tenha levado a buraco tão fundo

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

HOJE A TARDE


Hoje a tarde sangrou
Meu quarto escuro assombrado
Parei vendo a cena escorrer
Das lembranças que eu já havia enterrado
Nasceu algo feito flor
O sol escureceu
Aquele vento frio me cortava
Enquanto seu fantasma 
De vestido azul e olhos de diamantes
Me fazia terror

sábado, 10 de setembro de 2011

SAUDADES DE MINAS

Apaixonado
Pelo que por hora deixo
Certo que ainda em vida
Viverei
Que seja a pé à volta
E descalço
Pois que nenhum passo será em falso
Meus olhos perdidos
Em montanhas
De vila rica a esquina do clube
Dos botecos de Drummond
Às igrejas do mestre Lisboa
Parto e meu espírito de acaba
Despeço-me e o mundo desaba
Quem sabe isso quer dizer amor
Que só faz crescer
Pelo amor que em minas encontrei
Ah, eu que se pudesse ficava
Serei estrangeiro
Na terra que me viu nascer

terça-feira, 6 de setembro de 2011

TEUS OLHOS


Porque as tulipas trazem teus olhos
E nem seria diferente enfim
Porque mesmo o silencio o faz
O azul em poesia
É o seu vestido
E você estava linda
Porque teus olhos
Eles não se apagam dos meus

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

CORAÇÃO


Quando comprei esse coração
Era já fim de feira
Já era dia escuro
Fora os pisados na calçada
Os amassados na banca
Peguei esse já podre de maduro

sábado, 3 de setembro de 2011

MEU SONHO

Vou te contar meu sonho de outra noite
Lembro vagamente ter me deitado
O sono veio na pressa do açoite
Em segundos levando-me pro outro lado

Vou te contar que pouca coisa me vem
Pois o sono era o peso do mundo
E não me recordo se algo ou alguém
Far-me-ia sair desse estado profundo

Mas eu sonhei e digo que foi estranho
A noite corria feito ventania
Levando as horas como rebanho

Vi uma luz que longe apareceu
Quando pela vidraça no sol o dia
E o sonho claro que era, adormeceu .