Penetra surdamente no reino das palavras. Lá estão os poemas que esperam ser escritos. Estão paralisados, mas não há desespero, há calma e frescura na superfície intata. Ei-los sós e mudos, em estado de dicionário. Convive com teus poemas, antes de escrevê-los. Carlos Drummond de Andrade
quarta-feira, 3 de dezembro de 2008
Asas
ASAS
Um par de asas
Não é muito que desejo.
Só o que quero agora.
Um par de grandes e rápidas asas
Não precisa ser pra vida toda
preciso de alguns instantes apenas.
por alguns vales e montanhas somente
Depois pode cair, se desfazer.
Ou sumir e me abandonar no espaço.
No céu
me deixar em queda livre
Caindo
Caindo
E então, flutuar no verde
E me acidentar nos lábios mais lindos.
Cair suave pelo corpo que vai me amparar então.
Depois
Não preciso mais de asas
Tenho um anjo só meu
E pegando em minhas mãos vai me levar ao céu.
E juntos flutuaremos pelo nada
Pelo tudo
Não importa
Seremos só nós dois, e seremos um.
Noite eterna, até que amanheça.
Amanhecer em seus olhos.
Adormecer em seus braços
E acordar nos seus sonhos.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário