Prometo deixar-te passear o corpo
Como tempo preguiçoso nos lábios meus
Orvalhando tua pele tal horto
Quando Pela manhã, dando a noite adeus
Juro permitir que tenhas o prazer
Que sem limites busco no teu desejo
Da raiz dos teus pés a fronte do teu ser
Dos seios a boca, os gemidos, o beijo
Asseguro-te que antes da morte
Pelo gozo do qual prisioneira serás
Terás motivos da mais bela sorte
Juro por todos os deuses e demônios
Estender os segundos em noites a mais
Até o fim, onde morrem todos os sonhos
Penetra surdamente no reino das palavras. Lá estão os poemas que esperam ser escritos. Estão paralisados, mas não há desespero, há calma e frescura na superfície intata. Ei-los sós e mudos, em estado de dicionário. Convive com teus poemas, antes de escrevê-los. Carlos Drummond de Andrade
terça-feira, 30 de agosto de 2011
segunda-feira, 29 de agosto de 2011
EXORCISMO
Há, eu é que não quero mais lembrar
Quantas vezes decidi esquecer
E mesmo depois de ver tudo se quebrar
No momento de ver tudo perecer
Comprei as passagens rumo ao nada
Viajei de primeira classe ao amanhecer
Contei cada arvore da janela, pela estrada
E foi assim até o dia perecer
Desci em estações tão sujas e abandonadas
E percebi que minhas lagrimas
Juntaram-se ao esgoto de cada parada
E era assim que eu te exorcizava
E foi assim que cheguei a salvo da queda
Com cicatrizes tão profundas quanto o inferno
Os pés hoje enraizados feito pedra
O sorriso sim, esse voltou eterno
Quantas vezes decidi esquecer
E mesmo depois de ver tudo se quebrar
No momento de ver tudo perecer
Comprei as passagens rumo ao nada
Viajei de primeira classe ao amanhecer
Contei cada arvore da janela, pela estrada
E foi assim até o dia perecer
Desci em estações tão sujas e abandonadas
E percebi que minhas lagrimas
Juntaram-se ao esgoto de cada parada
E era assim que eu te exorcizava
E foi assim que cheguei a salvo da queda
Com cicatrizes tão profundas quanto o inferno
Os pés hoje enraizados feito pedra
O sorriso sim, esse voltou eterno
sábado, 27 de agosto de 2011
VERSOS MALDITOS
Qualquer palavra hoje é um disparo
Gatilho armado em dedos bêbados
Cada verso é à conta de um rosário
Ateu que sou rezando passos sôfregos
Fossem teus olhos bálsamos de vida
Não seriam meus suspiros agonias
Mortos nas lembranças exauridas
Calando-me pelo resto dos dias
Na minha pena agora estopim
Cada letra é um barril de pólvora
Pulsando ais do começo ao fim
Mais uma vez morta em meus desejos
Insistes existir feito assombração
Vagando feito vento nos meus pelos
Gatilho armado em dedos bêbados
Cada verso é à conta de um rosário
Ateu que sou rezando passos sôfregos
Fossem teus olhos bálsamos de vida
Não seriam meus suspiros agonias
Mortos nas lembranças exauridas
Calando-me pelo resto dos dias
Na minha pena agora estopim
Cada letra é um barril de pólvora
Pulsando ais do começo ao fim
Mais uma vez morta em meus desejos
Insistes existir feito assombração
Vagando feito vento nos meus pelos
quinta-feira, 25 de agosto de 2011
SILENCIO
Aquieta-te em seu canto infinito
Sem fim de dias na espera perdida
Encolhendo no frio da própria vida
Cala-te do choro como por instinto
Saiba das verdades irrevogáveis
Nesse espaço de fuga eterna
De mentiras obvias inegáveis
Como água por vinho em taverna
Não faz muito sentido cultuar um deus
Que do barro exala terra suja
E na queda se quebra aos pés dos seus
Não faz sentido algum tão pouco
Cultivar em si tão puros sentimentos
Que no futuro podres lamentos
Sem fim de dias na espera perdida
Encolhendo no frio da própria vida
Cala-te do choro como por instinto
Saiba das verdades irrevogáveis
Nesse espaço de fuga eterna
De mentiras obvias inegáveis
Como água por vinho em taverna
Não faz muito sentido cultuar um deus
Que do barro exala terra suja
E na queda se quebra aos pés dos seus
Não faz sentido algum tão pouco
Cultivar em si tão puros sentimentos
Que no futuro podres lamentos
terça-feira, 23 de agosto de 2011
PRISÃO
Sempre a espreita ansiava o dia
Ao lado da porta da sua gaiola
Esperando a coragem, a ousadia
Bater asas, sumir mundo afora
Toda espera vence o desejo
Voaste longe e voaste perto
Tantas flores perdidas no teu beijo
E perdeste a noção do que é certo
Asas cansadas procurando ninho
Longe de casa o medo e o frio
Tantas penas perdidas no caminho
Desperta de uma vida incerta
Na volta arrependida vislumbra
As grades com a porta sempre aberta
Ao lado da porta da sua gaiola
Esperando a coragem, a ousadia
Bater asas, sumir mundo afora
Toda espera vence o desejo
Voaste longe e voaste perto
Tantas flores perdidas no teu beijo
E perdeste a noção do que é certo
Asas cansadas procurando ninho
Longe de casa o medo e o frio
Tantas penas perdidas no caminho
Desperta de uma vida incerta
Na volta arrependida vislumbra
As grades com a porta sempre aberta
domingo, 21 de agosto de 2011
CONTRADIÇÃO
Quero-te
Ainda que o medo me encoraje
Mesmo que a fuga seja o medo
Quero-te
Mesmo que o frio me congele
Ainda que o silencio seja o frio
Quero-te
Ainda que a solidão me ame
Mesmo que a solidão seja eu
Quero-te
E não quero
Mesmo que eu queira
Ainda que o querer sejas tu
Ainda que o medo me encoraje
Mesmo que a fuga seja o medo
Quero-te
Mesmo que o frio me congele
Ainda que o silencio seja o frio
Quero-te
Ainda que a solidão me ame
Mesmo que a solidão seja eu
Quero-te
E não quero
Mesmo que eu queira
Ainda que o querer sejas tu
quinta-feira, 18 de agosto de 2011
NORMAL
Às vezes parece querer explodir
Em dias comuns de coisas sem valor
Quase sempre passo a vida sem sentir
Mas hoje acordei triste sem cor
Em dias comuns de coisas sem valor
Quase sempre passo a vida sem sentir
Mas hoje acordei triste sem cor
MIRAGEM
Quase em êxtase Admiro além
Como se fosse suspenso um jardim
Uma passarela a passar um alguém
Por quem o sol parece não ter fim
Se deusa ou rainha jamais saberei
A eterna distancia de alguns passos
Num abismo que jamais transporei
De onde vejo como se do espaço
Que esse dia dure mil anos
Não cansam meus olhos em voar
Mesmo que não existam planos
Tempo maldito que trai meu desejo
E tudo o que resta é um vulto
rua abaixo em flores num lampejo
Como se fosse suspenso um jardim
Uma passarela a passar um alguém
Por quem o sol parece não ter fim
Se deusa ou rainha jamais saberei
A eterna distancia de alguns passos
Num abismo que jamais transporei
De onde vejo como se do espaço
Que esse dia dure mil anos
Não cansam meus olhos em voar
Mesmo que não existam planos
Tempo maldito que trai meu desejo
E tudo o que resta é um vulto
rua abaixo em flores num lampejo
domingo, 14 de agosto de 2011
PAI
Olha só como as coisas são meu velho
Eu que tantas vezes não compreendi
Suas palavras me batendo feito martelo
Na tua ausência então foi que percebi
Hoje olhando para a minha semente
Pelos seus olhos vejo o mesmo menino
E todas as lagrimas me faz crente
Que vale a pena, e me animo
Os anos são cruéis em todos nós
Sua imagem vive em meus sonhos
Ecoa em mim cada letra da tua voz
Pai, eu nunca chorei por nada na vida
Mas hoje eu sou homem feito você
Hoje a todas a lagrimas eu peço guarida
Eu que tantas vezes não compreendi
Suas palavras me batendo feito martelo
Na tua ausência então foi que percebi
Hoje olhando para a minha semente
Pelos seus olhos vejo o mesmo menino
E todas as lagrimas me faz crente
Que vale a pena, e me animo
Os anos são cruéis em todos nós
Sua imagem vive em meus sonhos
Ecoa em mim cada letra da tua voz
Pai, eu nunca chorei por nada na vida
Mas hoje eu sou homem feito você
Hoje a todas a lagrimas eu peço guarida
Assinar:
Postagens (Atom)