Quem teve a audácia
De pintar em ti essa cor?
A divindade
De desenhar em tão finas linhas
Esse rosto que ilumina?
Quem teve a genialidadeDe plantar nele lábios tão perfeitos?
Quem?
Me diga.
Teria a coragem
De provocar o próprio universo
Dando a alguém um corpo com luz própria?
E por tanto amor aplicado
Na feitura de tamanha beleza
Ganhaste de presente
A educação de uma rainha
E o carisma de uma deusa
Onde, lhe garanto
A própria Afrodite te inveja
E Eros a cada dia morre pelos seus encantos
Mas eu
Mortal imperfeito
Numa busca apaixonada
Procuro no mais fundo do peito
Palavras
E assim pintar seus versos
Com tintas divinas
E sequer chego perto
Do que julgo ser o certo
Eu
Ao seu coração entrego agora
O que inspirado em você deusa, o fiz.
Comparo-me a Orfeu
Que em poemas, cantava e encantava Eurídice
Em sua lira tão brevemente eterna e feliz
Penetra surdamente no reino das palavras. Lá estão os poemas que esperam ser escritos. Estão paralisados, mas não há desespero, há calma e frescura na superfície intata. Ei-los sós e mudos, em estado de dicionário. Convive com teus poemas, antes de escrevê-los. Carlos Drummond de Andrade
quinta-feira, 31 de dezembro de 2009
desejo
O desejo é amar teu sorriso
Querer que brilhe por mim
O desejo é cegar em teus olhos
Dado o clarão deles nos meus
O desejo foi no segundo primeiro
E vai durar uma vida
Pela eternidade afora
Querer que brilhe por mim
O desejo é cegar em teus olhos
Dado o clarão deles nos meus
O desejo foi no segundo primeiro
E vai durar uma vida
Pela eternidade afora
sexta-feira, 11 de dezembro de 2009
...
terça-feira, 8 de dezembro de 2009
lugar comum
Mais uma vez eu estou sozinho
Perdido em lamentos inúteis
Como vento soprando desalinho
Preocupado com coisas fúteis
.
Outra vez o espelho se quebra
Ante um semblante sempre amargo
Minh’alma magoada sem amparo
Envelhece na tristeza que prega
.
Novamente olho para os lados
E tudo que vejo é um deserto
Ventando pensamentos alados
.
Sabe o horizonte vermelho no fim?
Eis o que meus olhos vislumbram
É comum, é o eu, é sempre assim
Perdido em lamentos inúteis
Como vento soprando desalinho
Preocupado com coisas fúteis
.
Outra vez o espelho se quebra
Ante um semblante sempre amargo
Minh’alma magoada sem amparo
Envelhece na tristeza que prega
.
Novamente olho para os lados
E tudo que vejo é um deserto
Ventando pensamentos alados
.
Sabe o horizonte vermelho no fim?
Eis o que meus olhos vislumbram
É comum, é o eu, é sempre assim
buraco
Não é alguém
Não existe um nome
Nem mesmo um momento
O que acontece em meu espírito
Meu peito
É um buraco
A necessidade de completar
Pode ser Maria
Pode ser Marília
Pode ser você
Ser o que for
Só precisa encaixar
Não existe um nome
Nem mesmo um momento
O que acontece em meu espírito
Meu peito
É um buraco
A necessidade de completar
Pode ser Maria
Pode ser Marília
Pode ser você
Ser o que for
Só precisa encaixar
quinta-feira, 3 de dezembro de 2009
eu e você
Percebo esmaecendo aos poucos
Apagando tal vela no ultimo suspiro
O vermelho mais sangue
Descorando no cinza mais fúnebre
Uma estrada chegando ao fim
Em pleno entardecer
Desgaste nas palavras
Silencio no olhar
Silencio mortal
Mãos frias
É como ver o sol se despedindo
Apagando
Escurecendo
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