Não quero meus anos perdidos em sonhos
E recordar com amargas lembranças
A porta aberta mostrando as estrelas
Chamando-me feito crianças
Não quero as fotos desse quarto escuro
Onde meus olhos não crêem
Sabedor que La fora existe luz
Mas não se permite ir alem
Não serei eu um velho magoado
Buscando a morte como consolo
Sem historias pra contar
Pelos cantos chorando o passado
Sou agora
Esse idoso perdido em labirintos
Antecipando os anos de dor
Sofrendo pelas não tentativas
Escondido do riso, do amor
Sou o que pergunta no fundo d’alma
Existe uma saída, uma salvação?
E sou também o que responde
O fim não tarda, tenha calma
De todas as vidas que já vivi nesses parcos anos
Se comparado a eternidade são mesmo nada
Mas a dor leva essa existência ao infinito
Diga-me então, como se fazer planos?
Eu não quero mais lamentos enfadonhos
Perder os anos onde o sol pode aquecer
Ter os olhos fechados ao que se pode ver
Não quero meus anos perdidos em sonhos
Penetra surdamente no reino das palavras. Lá estão os poemas que esperam ser escritos. Estão paralisados, mas não há desespero, há calma e frescura na superfície intata. Ei-los sós e mudos, em estado de dicionário. Convive com teus poemas, antes de escrevê-los. Carlos Drummond de Andrade
domingo, 18 de outubro de 2009
segunda-feira, 12 de outubro de 2009
lamento final
Adoeci
Na alma e na mente
Adoeci de uma dor terrível
Cujo remédio é mais amargo que o fel
Adoeci e não quero sarar
Que essa doença mate
Esmague
Elimine toda sorte de sorte
De tudo que me faça abrir os olhos
Ao brilho de outros
Que a dor em meu peito
Seja a derradeira
E a receita
De em pedra se transformar
O peito meu
Na alma e na mente
Adoeci de uma dor terrível
Cujo remédio é mais amargo que o fel
Adoeci e não quero sarar
Que essa doença mate
Esmague
Elimine toda sorte de sorte
De tudo que me faça abrir os olhos
Ao brilho de outros
Que a dor em meu peito
Seja a derradeira
E a receita
De em pedra se transformar
O peito meu
domingo, 11 de outubro de 2009
perdido
Uma vez eu desejei não ter coração
Outra tentei não ver algumas coisas
Resolvi tocar o céu da boca da noite
Eu sempre busco tarefas impossíveis
Como esquecer você, por exemplo,
Eu preciso de uma poesia pronta
Com as palavras perfeitas
Não existe na minha mente
Frases por mim aceitas
Fim
Outra tentei não ver algumas coisas
Resolvi tocar o céu da boca da noite
Eu sempre busco tarefas impossíveis
Como esquecer você, por exemplo,
Eu preciso de uma poesia pronta
Com as palavras perfeitas
Não existe na minha mente
Frases por mim aceitas
Fim
dor
Fecham-se as portas
As janelas
Abre-se um coração
Os olhos
Chovendo a retina
O peito escancara
Na mais mórbida canção
Por uma ferida
Que não sara
E um lamento
Que não para
As janelas
Abre-se um coração
Os olhos
Chovendo a retina
O peito escancara
Na mais mórbida canção
Por uma ferida
Que não sara
E um lamento
Que não para
sábado, 10 de outubro de 2009
pois é
Na escuridão total uma vela é o sol
Mesmo que fraca, sua luz é meio dia
Torna-se o centro do mundo
Abre os olhos ao que não se via
Vida curta e logo sua chama cessa
O brilho da lugar a lenta agonia
Tombando o pavio antes mesmo do fim
Tornando breu o que antes quente ardia
Incrível o silencio que as trevas causam
A falta de cor provoca o pior dos frios
La dentro batidas que não se acalmam
Tenho a escuridão por açoite
Minha luz acabou e perdido estou
Me fechando seus olhos, vivo noite
Mesmo que fraca, sua luz é meio dia
Torna-se o centro do mundo
Abre os olhos ao que não se via
Vida curta e logo sua chama cessa
O brilho da lugar a lenta agonia
Tombando o pavio antes mesmo do fim
Tornando breu o que antes quente ardia
Incrível o silencio que as trevas causam
A falta de cor provoca o pior dos frios
La dentro batidas que não se acalmam
Tenho a escuridão por açoite
Minha luz acabou e perdido estou
Me fechando seus olhos, vivo noite
terça-feira, 6 de outubro de 2009
eu
Busco um dia me encontrar
E ser só eu e minha companhia
Sinto me sentir assim
Preso a essa hipocrisia
Espero um dia ser um
Feito de mim mesmo
Nasci errado e não me acho
Na futilidade eu me embaraço
O egoísmo me assusta
Se doar não é garantia
Quando seu sangue é doce
Te sugam até a anemia
Já não creio em amizades
Pois amigos já não reconheço
Que sejam amigos de alguém
Alem do próprio orgulho
Já quase me vejo
Dobrando a próxima esquina
E ser só eu e minha companhia
Sinto me sentir assim
Preso a essa hipocrisia
Espero um dia ser um
Feito de mim mesmo
Nasci errado e não me acho
Na futilidade eu me embaraço
O egoísmo me assusta
Se doar não é garantia
Quando seu sangue é doce
Te sugam até a anemia
Já não creio em amizades
Pois amigos já não reconheço
Que sejam amigos de alguém
Alem do próprio orgulho
Já quase me vejo
Dobrando a próxima esquina
domingo, 4 de outubro de 2009
ser
Hoje eu queria ser
Um pelo em sua pele
O gosto em sua boca
Um brilho nos teus olhos
O que te deixa louca
Uma vírgula em suas palavras
Nesse momento de ébria lucidez
Eu queria tudo
Por um momento
Só dessa vez
Em uma fração de segundos
Ser tudo o que for capaz
Ser em você
O que és em mim
Sem um amanhã pra recordar
Numa brisa sem fim
Um pelo em sua pele
O gosto em sua boca
Um brilho nos teus olhos
O que te deixa louca
Uma vírgula em suas palavras
Nesse momento de ébria lucidez
Eu queria tudo
Por um momento
Só dessa vez
Em uma fração de segundos
Ser tudo o que for capaz
Ser em você
O que és em mim
Sem um amanhã pra recordar
Numa brisa sem fim
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