Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
Ei-los sós e mudos, em estado de dicionário.
Convive com teus poemas, antes de escrevê-los.
Carlos Drummond de Andrade
sábado, 25 de outubro de 2014
SINTO MUITO
Sinto muito que eu sinta tanto
E na ânsia de esquecer por gosto
Despedaço o peito pelos cantos
Nos becos por onde encontro seu rosto
Seja o que for por qualquer intenção
Chego a nada porque nada é o fim
Perco o rumo e perco a razão
Sinto muito que eu me sinta assim
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