Penetra surdamente no reino das palavras. Lá estão os poemas que esperam ser escritos. Estão paralisados, mas não há desespero, há calma e frescura na superfície intata. Ei-los sós e mudos, em estado de dicionário. Convive com teus poemas, antes de escrevê-los. Carlos Drummond de Andrade
sábado, 21 de abril de 2012
FANTASMA
Acordei com um fantasma interrogador
Sussurrando ventos em meus ouvidos
Porque escreves tantos versos de amor
Na magoa de um apenas vivido
Te esqueces pelo visto das alegrias
De tantas paixões vida afora
Te esqueces dos gozos durando dias
Te esqueces e por tão pouco choras
Ora, alma penada que nada sabe.
É certo que muitas vidas foram vividas
É certo que morreram em si mesmas
Perdeste o sol que brilhou minha tez
Porque Minh ‘alma vive dor eterna
Pois que amor só conheci uma vez
sexta-feira, 20 de abril de 2012
TALVEZ
Talvez não tenha sido como foi
Pelos tantos caminhos andadosTalvez os passos fossem acaso
Em uma pressa de olhos alados
Talvez seja o que jamais poderia
E o desejo assim como nada
Mesmo que nascido do temporal
Talvez saibamos como seria
Na insanidade de tudo que foi feito
Na estrada larga o destino final
Talvez morramos na minha poesia
E o tempo borre cada letra
Pois que teus olhos são a tinta
Toda noite
Todo diadomingo, 1 de abril de 2012
SAUDADES
Morte é saudade enquanto viva
E em paz sinto tantas de tudoQue seja doença e sofro mudo
Que sejam breves os dias se for vida
Onde uma flor mais bela que a lua
Dona de um par de asas com meu nome
Faz-se voar feito fada me fazendo rua
Retratos cor de sol pelo tempo feito
Verdades vizinhas de um segundo
Saudade é ferida viva que pulsa
Que atormenta as eternidades
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