FINAL

Quando hoje te perdi pela vez derradeira
Mais uma vez de cima abaixo Rachando
Jorrando sangue não a vez primeira
Desse coração remendado molambo

Compreendi a existência de todo o mal
Por amor provocado em minhas mãos
Teu sorriso hoje é prova fatal
Do que antes doente víamos são

Hoje me deixei perder-te de mim
Abrindo as celas das tuas lembranças
Que voem longe brincar feito crianças

Hoje prisioneiro do teu aceno
Gritando adeus sem uma palavra
Retomo o caminho antes meu- pleno

TREVAS

Abandone meu barco
Eis que vai pique
Na indiferença viva
Calmaria
Eis o nome de tudo que já foi você
Embriagado vago a esmo
Entre o descaso dos olhos teus
E o frio mais intenso
Entrei menino em baile tão adulto e cruel
Tu quando sereia cantava
Iludindo meu eu
Lavando-me de mel
Fazendo brilhar minha loucura
Rias, eu sei
Eu sei minha sina de Orfeu
Não seja tu o demônio
Não me atormentes
Oxalá fosse apenas sonho
Mas embora o seja
Dói-me

LIBERDADE

Sou asas
Todas as asas do mundo
Quando a noite em silencio eu saio
Me abandono
Num mergulho vagabundo
Na imensidão do meu espírito
Sou então feliz
Sem dor
Sem as grades
Só a paz em silencio me diz
Foges de ti mesmo
Voa tão distante
Buscando deus
Buscando liberdade
Guardando-a sob o travesseiro
Estando ela a um instante
Na decisão dos olhos teus

NAUFRAGIO

E se fosse um só segundo?
Toda maldição em um só relâmpago
Afundando esse navio
Essa vida carregada de ilusão
Navegando a deriva em lagrimas
Onde meus olhos não vêem mais que um pântano
Onde meus pés insistem ir pro abismo
E meus olhos cegos se deixam ser coração
E se fosse só um raio?
Rápido e marcante
Claro, eterno e esquecido
Há, se esse navio das ilusões naufragasse!
E com ele minha pele e meu sentido

tempo

Conta o tempo
Que o tempo te conta
Quantos acordes da sua respiração
Todos os segundos da sua afronta
Em viver essa vida sem medo e condição
Conta ao tempo
Quanto tempo falta
E ele te conta
A cada segundo que Ele te assalta
Deixa o tempo
E ele cuida de si
Cuidando de ti