Deixe seu coração na janela
Eu ladrão chegarei sem avisar
Deixe seu coração embrulhado para presente
Na embalagem mais bela
Seu corpo com laços e fitas
Deixe seu coração na janela
Hoje eu lhe farei uma entre tantas visitas
Em um gesto rápido e sorrateiro
Com um beijo rápido e certeiro
Irás comigo em meu cavalo, na mesma cela
Levarei sua vida que sem a minha não pode ser
E para sempre serás de um forasteiro
Deixe a janela aberta
No primeiro andar da sua alma, minha bela
Penetra surdamente no reino das palavras. Lá estão os poemas que esperam ser escritos. Estão paralisados, mas não há desespero, há calma e frescura na superfície intata. Ei-los sós e mudos, em estado de dicionário. Convive com teus poemas, antes de escrevê-los. Carlos Drummond de Andrade
domingo, 20 de março de 2011
REGRAS
Daí ele me disse sem pestanejar
Você precisa metrificar suas linhas
Um soneto precisa nas regras estar
Ou fatalmente perderá suas rimas
Respondi com zelo ao preocupado
Que tanta importância deu aos erros
Não percebendo que não havia medo
Na escrita desse poeta mal acabado
Não escrevo poesias, mas sentimentos
Terei eu que me vender às regras?
Se um sentimento por si só já é poesia
Aceite dos poetas os lamentos
Rimas, métricas, versos, entregas
De tudo que for... que seja dia
Você precisa metrificar suas linhas
Um soneto precisa nas regras estar
Ou fatalmente perderá suas rimas
Respondi com zelo ao preocupado
Que tanta importância deu aos erros
Não percebendo que não havia medo
Na escrita desse poeta mal acabado
Não escrevo poesias, mas sentimentos
Terei eu que me vender às regras?
Se um sentimento por si só já é poesia
Aceite dos poetas os lamentos
Rimas, métricas, versos, entregas
De tudo que for... que seja dia
sexta-feira, 18 de março de 2011
PURGATORIO
O demônio não é um ser de fogo
Ele não provoca minhas feridas
Teus olhos sim roubam minhas vidas
Dominam minh’alma como num jogo
O inferno não existe em lugar algum
Que não sejam nas batidas do teu peito
Queimando forte na pele dos seus lábios
Jogando meu espírito na morte... o leito
A condenação é morrer de amor em ti
E purgar na eternidade das lembranças
Que brincam em mim tal maldosas crianças
O diabo é viver nessa tormenta
Que vira meu espírito pelo avesso
Nessa poeira que nunca assenta
Ele não provoca minhas feridas
Teus olhos sim roubam minhas vidas
Dominam minh’alma como num jogo
O inferno não existe em lugar algum
Que não sejam nas batidas do teu peito
Queimando forte na pele dos seus lábios
Jogando meu espírito na morte... o leito
A condenação é morrer de amor em ti
E purgar na eternidade das lembranças
Que brincam em mim tal maldosas crianças
O diabo é viver nessa tormenta
Que vira meu espírito pelo avesso
Nessa poeira que nunca assenta
domingo, 13 de março de 2011
AMANHECEU
Amanheceu enfim maldita noite
Que na falta da aurora do teu sorriso
Fenecia tendo a agonia por açoite
Amanheceu enfim maldita noite
Que no pesadelo dos teus lábios em outros
Roubavam-me o sossego que já era pouco
Amanheceu tímida a luz do sol
E junto com ela voltam as cores, as flores
Ressuscitado quem sabe o fim das dores
Seus olhos amanheceram afinal
Transformando meu sorriso em meio dia
Dissipando o escuro, o silencio, o medo do mal.
Que na falta da aurora do teu sorriso
Fenecia tendo a agonia por açoite
Amanheceu enfim maldita noite
Que no pesadelo dos teus lábios em outros
Roubavam-me o sossego que já era pouco
Amanheceu tímida a luz do sol
E junto com ela voltam as cores, as flores
Ressuscitado quem sabe o fim das dores
Seus olhos amanheceram afinal
Transformando meu sorriso em meio dia
Dissipando o escuro, o silencio, o medo do mal.
quarta-feira, 9 de março de 2011
SONHO
Minh’alma seria talvez poeta
Fizesse eu em tão parcas linhas
Em adjetivos de forma completa
O mais belo retrato em tintas minhas
Oxalá pudesse eu em rimas simples
Pintar no céu La pras bandas do sul
Um anjo de olhos tristes e profundos
Tão delicado em seu vestido azul
Minha pena não brota flor tão bela
Por falta de cores e do sol o brilho
Talvez só deus tenha tal aquarela
Mas talvez tanta vontade e desejo
Sejam por inteiro todas as palavras
Que morreram nos lábios... no beijo
Fizesse eu em tão parcas linhas
Em adjetivos de forma completa
O mais belo retrato em tintas minhas
Oxalá pudesse eu em rimas simples
Pintar no céu La pras bandas do sul
Um anjo de olhos tristes e profundos
Tão delicado em seu vestido azul
Minha pena não brota flor tão bela
Por falta de cores e do sol o brilho
Talvez só deus tenha tal aquarela
Mas talvez tanta vontade e desejo
Sejam por inteiro todas as palavras
Que morreram nos lábios... no beijo
A FERRO E FOGO
Minhas tantas infâncias
Tão divididas dentro de mim
Crianças perdidas no medo
Dos pesadelos nas noites sem fim
Dos dias que foram um instante
Vividas na maturidade precoce
Vívidas na memória infante
Um milênio em um segundo
Vida nas mãos de um anjo vagabundo
Brincando uma alma como num jogo
Poço sem fundo
Meu eu criado a ferro e fogo
Tão divididas dentro de mim
Crianças perdidas no medo
Dos pesadelos nas noites sem fim
Dos dias que foram um instante
Vividas na maturidade precoce
Vívidas na memória infante
Um milênio em um segundo
Vida nas mãos de um anjo vagabundo
Brincando uma alma como num jogo
Poço sem fundo
Meu eu criado a ferro e fogo
sábado, 5 de março de 2011
noite
A noite morta despida... sem cor
Perdido pela rua cambaleante... eu
Andando feito dia tropeçando no breu
Bêbado buscando nas estrelas uma flor
A noite escura cega não meus olhos grandes
Que na busca louca de você... em vão
Encontra tudo que não era antes
Meu coração em cacos pelo chão
Rua sem fim de trevas... sem lua
Garrafa na mão alimentando a sede
Nas lembranças torturantes de você... nua
Ai de mim minha flor que me envenena
Ai de mim meu amor que já não mais
A lua fugiu a chorar por mim... por pena
Perdido pela rua cambaleante... eu
Andando feito dia tropeçando no breu
Bêbado buscando nas estrelas uma flor
A noite escura cega não meus olhos grandes
Que na busca louca de você... em vão
Encontra tudo que não era antes
Meu coração em cacos pelo chão
Rua sem fim de trevas... sem lua
Garrafa na mão alimentando a sede
Nas lembranças torturantes de você... nua
Ai de mim minha flor que me envenena
Ai de mim meu amor que já não mais
A lua fugiu a chorar por mim... por pena
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